sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A revelação do mistério de Muricy

Luiz Carlos Máximo


Durante esta semana nos treinamentos nas Laranjeiras tive oportunidade de ver em ação muito mais os reservas e o Sub-23 , do que os titulares. Não que estes tenham tido boa vida. Não é isso. Mas nos dias e horários em que estive na rua Álvaro Chaves a programação de coletivos me proporcionou isso. Não nego que a decepção, por ter visto muito pouco o primeiro time, ameaçou-me com um sentimento momentâneo de perda de tempo. Mas para um louco por futebol, que é capaz de parar para assistir uma bola rolando, muitas vezes maltratada, em pequenos espaços, com pedras e chinelos no lugar de baliza, logo foi superada pelo fascínio que esse esporte me proporciona desde longínquos tempos idos. E na verdade, observar os nossos suplentes e a garotada de Xerém, foi um privilégio que muitos tricolores com certeza desejariam.

Ao contrário do que muitos pensam, a frase "treino é treino, jogo é jogo", de Didi, "Príncipe Etíope" de Nelson Rodrigues, não teve de modo algum a intenção de desvalorizar um treinamento. Mas muitas vezes é citada de forma oportunista, para exaltar a preguiça e o anti-profissionalismo. É claro que os dotados de genialidade necessitam menos de treinos do que a média dos jogadores. Mas o relato de muitos craques provam a importância do trabalho semanal de preparação para uma partida. E foi assim, nos treinamentos e com a experiência profissional, que Muricy conseguiu, mesmo com o grande número de desfalques, manter a equipe na liderança. Observando os jogadores reservas e da base que poderiam entrar no time e a capacidade de cumprir determinadas funções. "Isso aqui é trabalho", é a frase famosa do treinador. Mas eu acrescentaria: "Isso aqui é trabalho e observação". Está assim revelado o mistério do sucesso de Muricy.

Aos corneteiros de plantão - e não me excluo - deixo um recado: as críticas à escalação de um determinado jogador, às substituições ou mesmo a uma mudança tática durante uma partida, seriam bem menores se tivéssemos sempre a oportunidade de assistirmos aos treinamentos. Com certeza. Mas se assim fosse não seriam torcedores, e sim profissionais do futebol. O pior é que tem gente que é paga pra isso e continua cornetando. Mas deixa pra lá. Bom, já que estive na arquibancada do estádio Manoel Schwartz em alguns dias desta semana vou passar aqui para os nossos internautas as minhas observações.

Destaques positivos:

- As atuações de Belletti. Muito bem física e tecnicamente.
- Digão na função de volante
- A entrega de Thiaguinho
- O retorno de talento ao ataque com a volta de Fred.
- A habilidade de Deco
- A luta, a perseverança e os gols de Washington
- A confiança de Berna
- A intimidade com a bola de Raphael Augusto
- Os bons passes de Equi Gonzalez
- O zagueiro Willian Rocha do Sub-23
- A velocidade de Alex, atacante do Sub-23
- A habilidade de um meia reserva do Sub-23, que integra os juniores, apelidado de “Patinho”.
- As boas atuações do jovem goleiro Kléver

Destaques negativos;

- Apesar da habilidade, a postura de desânimo de Equi, que não condiz com as características da maioria dos jogadores argentinos.
- Os gols perdidos por Rodriguinho
- A ineficiência de Willians
- O futebol ainda imaturo do atacante (tem jeito de meia) Matheus Carvalho para a equipe profissional
- A lamentável ausência de Marquinhos

Comentários:
Didi "Príncipe Etíope".
 
Luis Carlos,

Excelentes e preciosas as suas observações individuais sobre o treino a que assitiu. Isso é bom pois dá aos torcedores uma idéia de como vai o nosso elenco, já que as notícias de praxe se prendem mais às atuações dos titulares.

Adoro o Muryci, mas achei incoerente a dúvida dele entre Valencia e Diguinho, sob o pretexto de que com a entrada do Deco o time perde poder de marcação. Ora bolas, pelo que sei, o Valencia é o reserva imediato do Diogo, e com a dupla de volantes Diogo e Diguinho o time teve a sua melhor fase nesse Brasileiro. Então, nada mais coerente do que a formação da dupla de volantes com Valencia e Diguinho, até por que é clara a falta de combatividade (pegada) do Fernando Bob na função de segundo volante.

saudações tricológicas,
 
Mas, me diga. Lamentável ausência de Marquinhos por ser um cara boa praça, né?

Porque, nesse caso, realmente "treino é treino, jogo é jogo". Para quem acompanha o time em todos os jogos, fica nítido ver que o Marquinho é aquele típico jogador que faz 1 bom jogo e 10 lastimáveis.
 
Verdade, Jonas. Obrigado pela leitura atenta e principalmente pela correção. Saudações Tricolores!
 
Concordo Dzi Betão. Se com o Deco a marcação fica mais frouxa, melhor seria escalar o Diguinho que é mais combativo que o Fernando Bob e também sai para o jogo. Obrigado pela leitura e a boa crítica. Saudações Tricolores! Rumo ao título!
 
Jonas, compreendo o seu comentário sobre o Marquinhos, porque foram incontáveis as vezes que também me irritei com ele, como no último domingo ao desperdiçar uma oportunidade de ouro. Mas você já se deu conta que todos os treinadores que passaram pelo Fluminense sempre o utilizaram, seja no início ou durante as partidas? Isto porque é um jogador útil táticamente e sem dúvida muito esforçado. Quando lamento a ausência dele nos treinamentos, racionalmente levo em conta que é menos uma opção no banco para Muricy. E, emocionalmente, pelo gol decisivo contra o Coritiba. Saudações Tricolores!
 
Treino é treino, jogo é jogo. O que eu já vi de "leão de treino" nessa vida...
 
É verdade, Beto. Tem "leão" de treino que nos jogos não passam de "cordeiros". Mas são nos treinamentos que um jogador tem a oportunidade de mostrar o seu valor para ser relacionado para uma partida ou mesmo ganhar a posição. E mais: um técnico com poder de observação pode nos treinamentos ver a capacidade de um atleta para exercer uma função que nunca possa ter exercido. Principalmente, com os mais jovens. E sinceramente, se muitos comentaristas acompanhassem o treinamento de um clube reduziria e muito o risco de ser leviano e/ou injusto. Agradeço a leitura e o comentário. Saudações Tricolores!
 

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