domingo, 31 de outubro de 2010
O jogador que não existe
Por Paulo Brito
Levantou às 7h da manhã. Morava numa cobertura na Tijuca e pegava um táxi até a sede do clube. Preferia desta forma, sem motorista particular, sem carro próprio. Gostava de dormir no trajeto até às Laranjeiras. Tudo bem: dentro de campo, fosse no treinamento ou numa partida séria, mantinha-se acordado.
Era o seu quarto ano de contrato. Faltava mais um para encerrá-lo. O empresário dele – gente boa que nem esses velhinhos de desenho japonês – sabia da identificação do mesmo com o clube. Ganhando, num único mês, mais do que a maioria da população mundial ganha em quase meia década de trabalho, sentia-se, naturalmente, reconhecido. Tinha várias músicas na cabeça, feitas pela torcida para homenageá-lo.
O atleta beijou o escudo no último gol que fez. Ele podia. Diziam até que ele seria capaz de atuar pelo time ganhando metade do salário. Exemplo. Tinha dois filhos, uma esposa e um pastor Alemão. Gostava de dar coletivas quando o time vencia. Gostava de dar coletivas quando o time perdia, para mostrar à torcida a sua tristeza pela derrota. Não tinha assessor de imprensa.
Ele foi lembrado pelo empresário que o contrato estava prestes a se encerrar. O clube tinha muito interesse na renovação. O atleta também. O jogador, por inúmeras ocasiões, carregava o time nas costas. Treinava sem reclamar, jogava sentindo dor, conjugava os verbos direitinho.
Houve um momento em que começaram a chamá-lo de pateta, ingênuo. Ele poderia receber mais que fulano, o dobro de cicrano. E não exigia nada. O empresário, menos ainda. Só tinha vontade de pegar a bola e se divertir com os companheiros, fazer a alegria dos fãs que seguiam à equipe por todos os cantos. Ele vestia a camisa 10 do meu time e, infelizmente, não era real.
Levantou às 7h da manhã. Morava numa cobertura na Tijuca e pegava um táxi até a sede do clube. Preferia desta forma, sem motorista particular, sem carro próprio. Gostava de dormir no trajeto até às Laranjeiras. Tudo bem: dentro de campo, fosse no treinamento ou numa partida séria, mantinha-se acordado.
Era o seu quarto ano de contrato. Faltava mais um para encerrá-lo. O empresário dele – gente boa que nem esses velhinhos de desenho japonês – sabia da identificação do mesmo com o clube. Ganhando, num único mês, mais do que a maioria da população mundial ganha em quase meia década de trabalho, sentia-se, naturalmente, reconhecido. Tinha várias músicas na cabeça, feitas pela torcida para homenageá-lo.
O atleta beijou o escudo no último gol que fez. Ele podia. Diziam até que ele seria capaz de atuar pelo time ganhando metade do salário. Exemplo. Tinha dois filhos, uma esposa e um pastor Alemão. Gostava de dar coletivas quando o time vencia. Gostava de dar coletivas quando o time perdia, para mostrar à torcida a sua tristeza pela derrota. Não tinha assessor de imprensa.
Ele foi lembrado pelo empresário que o contrato estava prestes a se encerrar. O clube tinha muito interesse na renovação. O atleta também. O jogador, por inúmeras ocasiões, carregava o time nas costas. Treinava sem reclamar, jogava sentindo dor, conjugava os verbos direitinho.
Houve um momento em que começaram a chamá-lo de pateta, ingênuo. Ele poderia receber mais que fulano, o dobro de cicrano. E não exigia nada. O empresário, menos ainda. Só tinha vontade de pegar a bola e se divertir com os companheiros, fazer a alegria dos fãs que seguiam à equipe por todos os cantos. Ele vestia a camisa 10 do meu time e, infelizmente, não era real.
Comentários:
<< Página inicial
Parabens pela cronica. Lembra os textos do mestre Armando Nogueira. Mas preciso dizer que em diversas passagens do texto tive a impressão que se referia a um jogador que existe. Tive a impressão que o texto era uma homenagem ao mais novo idolo tricolor....CONCA. Lembra ou nao lembra? So faltou falar tambem da sua fidalguia marca indelevel do nosso FLU e mostrada ao Brasil no belo gesto em seu segundo gol quando abnegou as glorias em favor de seu companheiro Coração Valente.
Abraços. Cristiano.
Abraços. Cristiano.
Boa noite Paulo Brito
Incrível, mas não tem muito tempo atrás havia jogador que assinava contrato "em branco" com o clube. O Fluminense teve vários que assim fizeram.
Mas a profissão de jogador é muito dura e curta. Será que o vale a pena confiar o futuro nas mãos de qualquer dirigente?
Taí... Vale a pena uma matéria com alguns ex-jogadores que possam, livremente, dizer como era este processo antigamente.
J. Cesar
Incrível, mas não tem muito tempo atrás havia jogador que assinava contrato "em branco" com o clube. O Fluminense teve vários que assim fizeram.
Mas a profissão de jogador é muito dura e curta. Será que o vale a pena confiar o futuro nas mãos de qualquer dirigente?
Taí... Vale a pena uma matéria com alguns ex-jogadores que possam, livremente, dizer como era este processo antigamente.
J. Cesar
Caro Cristino,
fiquei extremamente feliz por você ter comparado um texto meu com o estilo inigualável do saudoso mestre Armando Nogueira. Vamos dizer que o Conca foi o motivo do post, mas não a razão principal.
ST
Paulo Brito
fiquei extremamente feliz por você ter comparado um texto meu com o estilo inigualável do saudoso mestre Armando Nogueira. Vamos dizer que o Conca foi o motivo do post, mas não a razão principal.
ST
Paulo Brito
Caro J. Cesar,
a sua sugestão sobre matérias com alguns ex-jogadores acerca da assinatura de contratos em branco já está anotada. Obrigado pela contribuição. Sobre confiar o futuro nas mãos de um dirigente qualquer... bom, isso é complicado. Na teoria, todos são muito capazes. Difícil é saber diferenciar o mau profissional, do mau-caratismo de um determinado profisssional.
ST
Paulo Brito
a sua sugestão sobre matérias com alguns ex-jogadores acerca da assinatura de contratos em branco já está anotada. Obrigado pela contribuição. Sobre confiar o futuro nas mãos de um dirigente qualquer... bom, isso é complicado. Na teoria, todos são muito capazes. Difícil é saber diferenciar o mau profissional, do mau-caratismo de um determinado profisssional.
ST
Paulo Brito
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial
Assinar Postagens [Atom]
Postar um comentário